quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

“Ritmos Modernos da Nova Vaga: o rock em Portugal na década de 60” – Parte 7

Numa altura em que "o nosso público está arreigado à ideia, aliás falsa, de que o rock é uma música para teddy boys, uma música para transviados e que concorre para actos menos dignos"[1], alguns músicos optam por uma então chamada "nacionalização do rock", por "criar um estilo de rock português"[2]...

Os músicos passaram então a fazer versões "modernas" de composições tradicionais e populares e surgiram, músicas como por exemplo, de Zeca do Rock com nomes como "Nazaré Rock" e "Hino a Jesus". Denotava-se assim também uma preocupação em lidar com os estereótipos da cultura portuguesa. Desta forma os conjuntos agradavam a novos e velhos e conseguiam tocar ao vivo em bailes e festas privadas sem causar grande alarido.

Além destas versões, os grupos costumavam fazer versões portuguesas de êxitos internacionais, que eram também uma das exigências das editoras, caso quisessem gravar[3]. Desta forma a originalidade limitava-se à tradução livre da letra inglesa ou a algumas composições dos autores, se tivessem a sorte de as editoras aprovarem. Muitas vezes, e especialmente numa fase inicial, estas apegavam-se aos modelos estrangeiros, principalmente de Cliff Richard e dos Shadows, Everly Brothers e Johnny Hallyday.



[1] Zeca do Rock, entrevista in Plateia, no.87, 5.7.61

[2] Zeca do Rock, entrevista in Plateia, no.87, 5.7.61

[3] Entrevista do autor a Joaquim Costa em Dezembro de 2007

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