sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

“Ritmos Modernos da Nova Vaga: o rock em Portugal na década de 60” - Parte 2

1955-1959: "O Ritmo do Século"

Sob a égide de Salazar, e em plenos "anos de chumbo"[1], só o cinema conseguiria fazer entrar, colado discretamente às imagens, o novo som que se fazia na América. Foi através de filmes como Sementes de Violência[2] (1955), Rock, Rock, Rock (1956) e Uma Rapariga com Sorte[3] (1956) que o Rock 'n' Roll se fez ouvir e ver no Portugal dos fados e folclore. Era um novo ritmo, totalmente desconhecido dos portugueses, e como a tradução portuguesa do nome do filme Rock Around the Clock (1956) fez constatar, estava-se perante "O Ritmo do Século". Foi assim, através destes filmes, que se pôde ver as novas danças, as novas roupas, o novo estilo de vida para os jovens de então. Foi esta realidade ficcionada, projectada no ecrã, que trouxe as novidades do outro lado do oceano ao Portugal "orgulhosamente só".

Mas quando os barcos americanos atracavam nos portos portugueses, com os jovens marinheiros desembarcavam novos hábitos, e tudo se tornava real. Eram eles, que ao lado de jukeboxes, em bares e cabarés, cantavam e dançavam, tocavam ritmos nas suas guitarras que nada tinham a ver com o fado português. "Música de pretos", "a música do diabo"[4], como foi descrita imediatamente, mas que ainda assim, ou talvez por isso, não deixou de seduzir os jovens portugueses.



[1] Fernando Rosas, O Estado Novo (1926-1974), 7º vol. da Historia de Portugal (dirigida por José Mattoso, Circulo de Leitores, 1994

[2] No original Blackboard Jungle

[3] No original The Girl Can't Help It

[4] Entrevista do autor a Joaquim Costa em Outubro de 2007

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