segunda-feira, 1 de maio de 2017

Pop em revista no final dos anos 60's



A década de 60 foi pobre em termos de publicações periódicas que soubessem lidar com a nova música que se fazia. A música pop, rock e afins aparecia, de facto, em revistas mas nas ditas de variedades , caso da Plateia e da Rádio & Televisão. Estas, regularmente, dedicavam uma pequena parte das suas páginas aos novos conjuntos, com entrevistas ou notícias. Também as revistas de actualidades como a Flama ocasionalmente lhes dedicava algum espaço. Mas seria apenas no final dessa década que surgiriam três revistas para colmatar estas falhas: Pop Cine, Cine Disco e Mundo da Canção.


A Pop Cine é da responsabilidade da mesma equipa da Plateia e segue o mesmo modelo: notícias breves, entrevistas acompanhadas por fotografias num arranjo gráfico sóbrio, limpo, sem qualquer ligação com a realidade que pretendia captar. Com um tamanho de bolso, esta tinha sempre uma capa e contracapa a cores e, por norma, era mal impressa. Inocente em termos de conteúdos, totalmente acrítica, esta pouco vinha acrescentar ao que se vinha a fazer durante a década.

A revista dura pouco mais de um ano e após um interregno de três semanas ressurge com um novo nome, Pop Disco

Nem uma nem outra traziam nada de novo. Já a CineDisco conseguia abrir uma ruptura tanto a nível gráfico como de conteúdos. Editada a partir de Dezembro de 1968, pela primeira vez Portugal passava a haver uma revista dedicada exclusivamente ao sector etário juvenil onde se podia ler artigos mais ou menos informados sobre música e moda, culturas e subculturas. 

Graficamente a revista estava ao nível do conteúdo, quebrando as linhas rígidas pela qual se regiam as anteriores publicações, trabalhavam com uma liberdade única na altura. Nas suas páginas abriam-se diálogos entre os elementos gráficos e o texto, em trabalhos de imagem onde a fotografia e o lettering, sob uma inspiração pop psicadélica, ganhavam uma fluidez e dinamismo nunca visto. 


Por diversos motivos em Agosto de 1969 a revista muda de nome para Mundo Moderno. Tal como na anterior, também esta tenta acompanhar o que se ia passando lá fora e em Portugal na música e na moda e não só. Bodypainting, ocupação de casas, andar à boleia foram algumas das novidades introduzidas em Portugal através das páginas da revista, mesmo se com alguma inocência e até desconhecimento de causa. Em termos musicais foram dados a conhecer novos estilos de música, como a soul e o reggae. Além disso, e coisa rara, a revista afirmava-se como crítica, estabelecia critérios de qualidade e, exigente, impunha às bandas uma responsabilidade social e cultural aliada à criatividade. 

No entanto, devido a uma impossibilidade de manter a periodicidade e qualidade gráfica, e talvez por outros motivos, a Mundo Moderno acaba em Janeiro de 1971.