quarta-feira, 29 de junho de 2011

“Ritmos Modernos da Nova Vaga: o rock em Portugal na década de 60” – Parte 31

Apesar do final de década ser fortemente marcado pela entrada de estrangeiros em Portugal, alguns tendo chegado a incorporar-se em bandas portuguesas, como o Quinteto Académico +2 ou os Jotta Herre, a imigração e a emigração continuam a ser os principais movimentos. Da aldeia para a cidade, fixam-se sobretudo em Lisboa, Porto, Braga, Aveiro e Setúbal, cada vez mais industrializadas, a viver em bairros da lata e prédios sem planeamento na Amadora, Almada, Barreiro, Maia ou Gondomar. Ergue-se a Brandoa como paradigma das construções periféricas e subúrbios sem infra-estruturas de que cheias e incêndios iriam tomar conta.


Do lado contrário, a Europa continuava a precisar de mão de obra depois da devastação da Segunda Guerra Mundial. Hospedados em bidonvilles nos arredores de Paris, ou junto às obras de outras cidades europeias, os números desta década são da ordem do milhão de emigrantes. Como consequência, Portugal assistiu a uma desertificação do interior, a uma limitação das saídas do país e a uma falta de mão de obra que levou a que as mulheres comecassem a trabalhar fora de casa.

Mas foi devido a esta internacionalização que se assistiu a casos como o dos dois irmãos do Porto, residentes na Bélgica, António e Fernando Lameirinhas, que sob os nomes de Tony e Waldo Lam ou Jess & James, formaram a JJ Band, com ex-membros dos Manfred Mann e dos Crazy World of Arthur Brown, e gravaram diversos e bem sucedidos singles e LP's. Outro caso de sucesso foi o de João Vidal Abreu, que "emigrou e fugiu a salto, da incorporação nas Caldas da Rainha, em 1967, após ter sido humilhado a cortar a sua farta cabeleira", para Espanha. Lá juntou-se aos Grimm, abrindo-os para o psicadelismo com o seu teclado e em 1970 fundou os Barrabás, banda de funk psicadélico que se tornou conhecida a nível mundial.

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