Com chegada anunciada nas páginas da Plateia, Victor Gomes já tinha nome e carreira feita quando regressou a Portugal. Nascido em Lisboa aos quatro anos parte para Lourenço Marques com os seus pais. Começando na sua adolescência a frequentar os bares dos cais onde trabalhava – era na altura cargueiro -, foi nessa altura que tomou contacto com os novos sons americanos, do Elvis, Little Richard e Bill Haley. “Aquela era a nossa música, e eu dançava muito bem o rock, uma coisa instintiva que aprendi nos filmes”. Inspirado, inscreve-se no concurso A Hora do Caloiro na Rádio Clube de Moçambique, com os seus Dardos, conseguindo logo ganhar o primeiro lugar. Imediatamente aclamado pela crítica, com apenas 18 anos, Victor Gomes torna-se um ídolo nacional. Percorrendo parte de África foi nessa altura contactado pelo actor Humberto Madeira que o aconselha a ir para Lisboa. Seguindo o seu conselho parte para Portugal, com apenas a morada do Café Lisboa. Aí, João Maria Tudella encaminha-o para os Gatos Negros, da Trafaria, na altura formados por José Alberto, na guitarra solo, Manuel Lixa, na guitarra ritmo, Jacinto Lixa no baixo e Quim Hilário na bateria, onde foi imediatamente aceite.
Estreando-se no Parque Mayer, num espectáculo de
beneficência para o bailarino Fred, Victor
Gomes e uns Gatos Negros carregados
de aguardente entram no palco e em 20 minutos tornam-se famosos e contratados,
por Vasco Morgado, para a revista Boa
Noite, Lisboa. Pouco depois, participam, e vencem, o primeiro grande
concurso de ritmos modernos realizado em Portugal, o acima referido Concurso do Rei do Twist. No concurso
seguinte, de Conjuntos tipo The Shadows, embora tenha sido o
eleito pelo público, o júri escolhe o Conjunto
Mistério, uma vez que o critério de escolha era a similaridade com a
referida banda inglesa.
Nessa altura, já Victor
Gomes e os Gatos Negros eram conhecidos e percorriam o país em concertos
que, conforme recorda numa entrevista ao Correio da Manhã, "era[m] uma
loucura. Eu partia tudo. Todas as casas onde actuava abarrotavam de pessoas
desejosas de me tocarem. Muitas vezes fui para o camarim todo rasgado e até em
cuecas". No entanto a carreira com estes Gatos Negros foi
curta, mais uma vez devido ao serviço militar que alguns membros tiveram de
cumprir. Mas também por não terem assinado com a Valentim de Carvalho, uma vez
que Victor Gomes se recusara a cantar
versões portuguesas das músicas estrangeiras.
(www.cinemaportugues.ubi.pt) |
(retirado de guedelhudos.blogspot.com) |
De volta a África estabelece-se em Moçambique e envereda
por uma carreira como crooner. Nas décadas que se seguem, Victor Gomes vai pondo a música um pouco
de parte e torna-se um mestre dos sete ofícios, fazendo de tudo, desde engordar
gado na Rodésia a trabalhos em pedra no Algarve.
Voltando à música apenas na década de 90, é nessa altura
em que lança o CD Victor Gomes e o Regresso do Rei do Rock. A partir daí
começa a fazer algumas aparições ao vivo esporadicamente, acompanhado pelas Gatas Loucas e a colaborar com os Ena Pá 2000. Em 2011 regressa também aos
filmes, como actor na longa-metragem Calor
& Moscas.
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