«Retomando o ano de 1964, nos primeiros meses entendiam-se
ainda os Beatles como apenas mais um
conjunto e a maioria (sobretudo dos leitores) esperava que como moda fosse
efémera. No entanto, a “invasão britânica” aos Estados Unidos e a transformação
dos Beatles num fenómeno pop veio contradizer essas “análises”. A
meio da década, as revistas começaram então a explorar a já apelidada de Beatlemania e entre 1964 e 1966
encheram-se centenas de páginas para falar de tudo o que dizia respeito aos Beatles. Falou-se das namoradas, das
noivas, das mulheres, das famílias. Descreveu-se a euforia vivida nos
concertos, os “desmaios colectivos, crises de histerismo”, como as “raparigas
com os olhos fora das órbitas, ajoelhavam-se” quando os viam, e, entre os fans destacou-se “uma admiradora - a
rainha”. Opinou-se muito, quase obsessivamente, sobre cabelos, “cabeleiras”,
sobre os “guedelhudos”. Com toda esta campanha e simpatia estabeleceram-se os Beatles como a principal referência
musical da «juventude “nova vaga”» e esta começou a imitá-los como podia ou
sabia. Assim, pouco depois, já se ouviam centenas de conjuntos portugueses a
tocar ao vivo por todo o país e em discos, começava-se a vestir, pentear e
dançar de outras e muitas formas diferentes, a ler novas revistas, como a Álbuns Yé! Yé!, Álbum da Canção e a Pop Cine
e a ver novos filmes...
Portugal tinha, finalmente, o seu yé-yé. Consequentemente também os seus opositores. Pais, família,
professores, padres, começaram então a preocupar-se com os ligeiros desvios (o
pior estava para vir) dessa juventude “conturbada” e “em cólera”, como
descreviam alguns. E preocupados ou fartos das “manifestações de histeria e
fanatismo” e de modo a precaver “modernismos excessivos” achavam por bem, ou
pelo bem da nação, começar a educá-los. Serviram-se para isso de algumas
páginas onde se tentava esclarecer o leitor sobre o que estava a acontecer aos
jovens, elucidando-os nas medidas a tomar.
"A
popularidade dos Beatles nunca foi grande entre nós"
in
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