segunda-feira, 14 de abril de 2014

Os Anos Yé-Yé (1965-1966): Parte 6



O ano de 1966 começa com as quatro meias-finais do Concurso Yé-Yé do Teatro Monumental, realizadas semanalmente durante o mês de Janeiro.


 À final, realizada apenas a 30 de Abril, chegam os Os Claves, Os Rocks, Night Stars, Jets, Ekos, Chinchilas, Espaciais, os Tubarões e os Sheiks. Estes últimos, os favoritos das meias-finais, no entanto não puderam participar uma vez que já tinham um contrato para um concerto em Coimbra nesse dia... 


Quando chega a noite da final "a sala quase ia pelo ar...O entusiasmo atingiu o rubro, novos e velhos batiam palmas, os corpos ficavam possessos do ritmo electrizante...". Nas páginas das revistas dizia-se então que o "yé-yé é o rei e o twist dançado em delírio pelos mais entusiastas, que não resistem a invadir o palco. As guitarras eléctricas mal se ouvem. Já não são precisas, o ritmo toma os corpos e a mocidade lisboeta vibra a valer." São então atribuídas as qualificações finais, sendo o primeiro lugar atribuído aos Claves, o segundo aos Rocks e o terceiro aos Night Stars



Em quarto lugar ficaram os Jets, em quinto os Ekos, em sexto os Chinchilas, em sétimo os Espaciais e em 8º lugar Os Tubarões. Os resultados não foram aceites de bom grado e estiveram envoltos em diversas polémicas. Desde a escolha de Os Claves estar relacionada com influências da família de alguns membros, à classificação das bandas das colónias, atribuídas como manobra de propaganda política em plena guerra colonial e desintegração do império. A ausência dos Sheiks, que nas meias-finais foram a banda que conseguiu a maior pontuação, também deixou a desejar. Registaram as publicações da altura:

"Houve ainda um facto que considero desagradável e injusto: a atribuição do prémio instituído para a melhor música yé-yé portuguesa, atribuído aos Night Stars, de Moçambique. Para mim, seriam os Ekos a merecer essa honra, na medida em que estes apresentaram composições de bom nível e de dicção perceptível. Ao contrário, os Night Stars cantaram num português incompreensível, que mais parecia uma língua estrangeira" Luís Waddington, Conjunto Mistério

"Em minha opinião, sem desprestígio para os outros conjuntos, deveriam ser Os Rocks a ganhar. O conjunto, ainda que não possua valores excepcionais, graças ao seu vocalista, merecia ganhar " Zé Luís, Ekos

"Merecemos o prémio porque tanto instrumentalmente com vocalmente tudo esteve certo! O reportório é absolutamente actualizado com músicas que ainda não estavam à venda em Portugal!" João Ferreira da Costa, Claves

Três anos depois do Concurso tipo Shadows continuava-se a premiar as imitações…

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