domingo, 20 de janeiro de 2013

Rock 'n' Roll em Portugal (1955-1959): Parte II


Joaquim Costa e os Rapazes da Estrela

Nascido em Lisboa, Joaquim Costa (1935-2008) começa a cantar em 1955, pouco depois de ter descoberto o rock 'n' roll. Primeiro entre amigos, no liceu e em colectividades, e nunca se levando muito a sério, só em 1959 é que Joaquim Costa decide formar um grupo para o acompanhar. Com o nome Os Rapazes da Estrela, deste fizeram parte Sérgio Pinto, Arménio Bajouca, Luís Gomes e Guilherme Silveira e tornaram-se imediatamente uma das bandas residentes da feira popular do Jardim da Estrela. Descritos nos folhetos publicitários como os "Reis do Rock' n' Roll" tocavam todas as noites cerca de três horas de versões do que ouviam nas jukeboxes na altura - Elvis Presley, Bill Haley, Carl Perkins e Chuck Berry - assim como alguns improvisos, as suas actuações são então memoráveis. Nas palavras do vocalista "o Guilherme era como o Bill Black com o Elvis, era a mesma coisa, saltava e atirava-se para o chão. E eu quando canto, não vejo ninguém. Atirava-me ao chão de joelhos. Ficava eufórico”. 

É como registo desse verão de ’59 que Joaquim Costa decide gravar o hoje mítico acetato com aquele que é tido como o primeiro registo sonoro de rock 'n' roll feito em Portugal. Com duas faixas, Rip It Up e Tutti Frutti, estas consistiam em duas das versões que costumavam tocar nessas noites na Feira da Estrela. Gravadas numa rádio local, Rádio Graça, com um som rudimentar e primitivo, este acetato não deu origem a uma edição comercial na altura e teve de esperar quase cinquenta anos para ser editado pela Groovie Records.

Mas Joaquim Costa decide nesse mesmo Verão abandonar o conjunto por motivos pessoais, rejeitando as fãs e um convite para ir para os Estados Unidos. No entanto, a sua paixão pelo rock 'n' roll fez com que poucos anos mais tarde, em 1963, voltasse a cantar num projecto de nome Os Jotas do Rock juntamente com o seu amigo José Gouveia, guitarrista d’Os Tigres do Calipso. No ano seguinte Joaquim Costa volta a tocar em nome próprio mas quando surgem alguns problemas técnicos da qual resulta um uníssono "velhote! velhote! velhote! " da parte da audiência, decide retirar-se. "O rock ‘n’ roll, para [si], acabou nesse dia, 7 de Marco de 1964”, diz em entrevista, retrospectivamente. De qualquer forma, por essa altura, já se estava em anos de twist e de yé-yé

No entanto, no final da década de 70, Joaquim Costa começa a sair com os punks que conhecia na Feira da Ladra e voltou a tocar ao vivo, desta vez em casas ocupadas onde, segundo o próprio, "eram gajos e gajas a dormir no chão, comunas e drogas pesadas…Mas fizemos ali rock 'n' roll...". Em 1982 torna-se colaborador do programa de rádio Pedras Rolantes e em 2007, por ocasião do lançamento da reedição do seu acetato volta a tocar ao vivo, no Cabaret Maxime, em Lisboa. Joaquim Costa, conhecido como "o Elvis de Campolide", falece a 15 de Fevereiro de 2008, cumprindo a sua promessa de acompanhar "o rockabilly até morrer".

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