sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Rock 'n' Roll em Portugal (1955-1959): Parte I



Introdução

É logo em 1955, com a estreia de Sementes de Violência (Blackboard Jungle, 1955) de Richard Brooks, que se ouve, pela primeira vez, rock ‘n’ roll em Portugal. O Ritmo do Século (Rock Around The Clock, 1956), Uma Rapariga com Sorte (The Girl Can't Help It, 1956), Rock, Rock, Rock (1956) seriam os seguintes nessa invasão americana que traria a um país isolado do mundo música actual, feita por e para jovens. Nas imagens à qual o rock ‘n’ roll servia de banda-sonora, viam-se danças, penteados, roupas, expressões, comportamentos que logo se começa a imitar, experimentando o que se tinha ao alcance. Assim, tal como o que se via no ecrã, jovens começam a tocar viola, imitam os penteados, improvisam roupas, e recorrendo a jukeboxes, colocadas em bares e colectividades, ouve e dançam os novos ritmos vindo da América. No final da década de 50 existia então, e finalmente, rock ‘n’ roll em Portugal.

É precisamente nesta altura que são feitas as primeiras gravações. Dividido em duas vertentes, por um lado assiste-se à adaptação do rock 'n' roll como um novo ritmo, inserido numa vertente mais jazzística, executada por orquestras de casino e conjuntos do Parque Mayer - é dentro deste registo que Shegundo Galarza e seu Conjunto grava Rock 'n' Roll (Ritmo com Teclas)” e Conjunto Jorge MachadoRock 'n' Roll Rag, ambos para a Discos Estoril -; por outro surgem aqueles que absorvem a música como parte de uma cultura, que a vivem como forma de afirmação e tomada de posição. É o caso de Joaquim Costa e os Rapazes da Estrela, que assinam a primeira gravação de rock ‘n’ roll feita em Portugal, datada de 1959, ainda que apenas em acetato e sem edição comercial; de Alfredo Laranjinha, que também grava um acetato nesse final de década, acompanhado por Luís Waddington do recém-formado Conjunto Nova Onda; e da Zurita de Oliveira que grava, esta sim, comercialmente, O Bonitão do Rock, uma música de contornos rock ‘n’ roll que tem a particularidade de ser da sua própria autoria. No entanto, passa despercebida. O seu terreno era outro, o fado...

1 comentário:

  1. Boa, companheiro! Excelente contribuição para a história do rock em Portugal. Espero que te mantenhas nesta senda...

    Em relação a este texto, que é um bom princípio, tenho sobretudo duas dúvidas "filosóficas".

    Em primeiro lugar, considero o Joaquim Costa uma invenção de agora! Só não classifico como "fraude", porque é uma palavra muito forte.

    Se falares com protagonistas da época (e eu falei), ninguém sabe quem é ou quem foi esse Joaquim Costa.

    Enfim, um tema polémico e não definitivo (parece-me...) como resulta deste teu primeiro texto.

    Em segundo lugar, mas isso é mais matéria de opinião, não creio que as canções que apontas possam ser classificadas de rock and roll, a não ser que o termo está no título da canção.

    Já ouviste bem a canção de Zurita de Oliveira? Achas mesmo que aquilo é rock?

    Abraço, parabéns pela iniciativa e cá espero pelo resto!

    LPA

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