Joaquim Costa e os Rapazes da Estrela
Nascido em Lisboa, Joaquim
Costa (1935-2008) começa a cantar em 1955, pouco depois de ter
descoberto o rock 'n' roll. Primeiro entre amigos, no liceu e em
colectividades, e nunca se levando muito a sério, só em 1959 é que Joaquim Costa decide formar um grupo
para o acompanhar. Com o nome Os Rapazes da Estrela, deste fizeram parte Sérgio Pinto, Arménio Bajouca, Luís Gomes e Guilherme Silveira e tornaram-se imediatamente uma das
bandas residentes da feira popular do Jardim da Estrela. Descritos nos folhetos publicitários como os
"Reis do Rock' n' Roll" tocavam todas as noites cerca de três horas de
versões do que ouviam nas jukeboxes na
altura - Elvis Presley, Bill Haley, Carl Perkins e Chuck Berry - assim como alguns
improvisos, as suas actuações são então memoráveis. Nas palavras do vocalista "o Guilherme era
como o Bill Black com o Elvis, era a mesma coisa, saltava e atirava-se para o
chão. E eu quando canto, não vejo ninguém. Atirava-me ao chão de joelhos. Ficava eufórico”.
É como registo desse verão de ’59 que Joaquim Costa decide gravar o hoje
mítico acetato com aquele que é tido como o primeiro registo sonoro de rock
'n' roll feito em Portugal. Com duas faixas, Rip It Up e Tutti Frutti,
estas consistiam em duas das versões que costumavam tocar nessas noites na
Feira da Estrela. Gravadas numa rádio local, Rádio Graça, com um som rudimentar
e primitivo, este acetato não deu origem a uma edição comercial na altura e
teve de esperar quase cinquenta anos para ser editado pela Groovie Records.
Mas Joaquim Costa decide nesse
mesmo Verão abandonar o conjunto por motivos pessoais, rejeitando as fãs e um
convite para ir para os Estados Unidos. No entanto, a sua paixão pelo rock
'n' roll fez com que poucos anos mais tarde, em 1963, voltasse a cantar num
projecto de nome Os Jotas do Rock
juntamente com o seu amigo José Gouveia, guitarrista d’Os Tigres do Calipso. No ano seguinte Joaquim Costa volta a tocar em nome próprio mas quando surgem alguns
problemas técnicos da qual resulta um uníssono "velhote! velhote! velhote!
" da parte da audiência, decide retirar-se. "O rock ‘n’ roll, para [si], acabou nesse dia, 7 de Marco de 1964”,
diz em entrevista, retrospectivamente. De qualquer forma, por essa altura, já se
estava em anos de twist e de yé-yé…
No entanto, no final da década
de 70, Joaquim Costa começa a sair com os punks que conhecia na Feira
da Ladra e voltou a tocar ao vivo, desta vez em casas ocupadas onde,
segundo o próprio, "eram gajos e gajas a dormir no chão, comunas e drogas pesadas…Mas fizemos
ali rock 'n' roll...". Em 1982 torna-se colaborador do programa de rádio Pedras Rolantes e
em 2007, por ocasião do lançamento da reedição do seu acetato volta a tocar ao
vivo, no Cabaret Maxime, em Lisboa. Joaquim Costa, conhecido como "o Elvis
de Campolide", falece a 15
de Fevereiro de 2008, cumprindo a sua promessa de acompanhar "o rockabilly até morrer".