O Concurso de Yé-Yé do Teatro Monumental foi o que atingiu maiores proporções, recebendo bandas de todo o Portugal, incluindo ilhas, Moçambique e Angola.
Avaliados por dois júris, um técnico e um de ié-ié, constituídos por "distintos músicos profissionais e um grupo de jovens entusiastas entendidos em ié-ié", as bandas competiam para um primeiro primeiro prémio de 15.000 escudos, um segundo de 10.000 escudos e um terceiro de 5.000 escudos. Além disso havia a taça do programa "Passatempo Juvenil", "a Philips oferecia uma telefonia e uma Philishave, a Casa Gouveia Machado uma viola Eko de 12 cordas no valor de 4.360$00, um microfone Shure no valor de 2.520$00 e uma tarola Sonor, com suporte, no valor de 1.720$00, o Salão Musical de Lisboa oferecia uma bateria, uma viola, uma guitarra, uma pandeireta e três harmónicas de boca, a Casa Galeão uma mala de viagem, a Casa Pinheiro Ribeiro cinco metros de tecido, a Casa J. Nunes Correia seis gravatas, a Sapataria Lord um par de sapatos, a Loja das Meias cinco gravatas e a Casa J. Pires Tavares dez frascos de água de Colónia."[1]
Apresentada por Henrique Mendes, a primeira eliminatória realizou-se a 28 de Agosto de 1965 e participaram Os Martinis de Elvas, Os Átomos de Lisboa, Os Dakotas de Almada, Magic Strings de Oeiras e os Jovens do Ritmo de Leiria. "O público entregou-se vibrantemente ao espectáculo e estabeleceu tal gritaria, tantas palmas, assobios e cantorias que em dados momentos era difícil distinguir os dois campos de som: o palco e a sala"[2]. As eliminatórias seguiram-se e contaram com a participação de quase cem bandas, entre as quais os G-Men do Entroncamento, que mais tarde deram origem à Filarmónica Fraude, os Black Boys de Santarém, Os Gringos de Torres Novas, Os Monstros e Os Diabólicos de Lisboa, Flechas de Oliveira de Azeméis, Guitarras de Fogo da Caparica, Penumbras e Os Morcegos de Olhão, Os Clips da Trafaria, Os Ratones de Vila Real de Santo António, os Boys de Coimbra que dariam origem aos Álamos e Conjunto Universitário Hi-Fi, Os Neptunos do Montijo, entre muitos outros.
De salientar ainda o choque eléctrico de que um dos membros dos Falcões foi vítima e que o levou para o hospital, além das actuações do público, que lançavam sobre os concorrentes milho, feijão e "os mais excitados partiram cadeiras, atiraram tomates, batatas e, incrível... pedras!", o que levou a que fosse colocado um cartaz no palco com a seguinte mensagem:
"Atenção! Barulho que não permita o júri ouvir os conjuntos, objectos atirados para o palco, distúrbios na sala são motivos para a expulsão do espectador que assim proceder sem que a organização lhe devolva a importância do bilhete. A juventude pode ser alegre sem ser irreverente".
Venceram o concurso, na final realizada a 30 de Abril de 1966, com lotação esgotada e com polémica, Os Claves. Em segundo ficaram os Rocks, de Angola, que vinham pela primeira vez a Portugal, em terceiro o Conjunto Night Stars de Moçambique, em quarto os Jets de Lisboa, em quinto os Ekos, em sexto os Chinchilas da Parede e em sétimo os Espaciais, empatados com os Tubarões de Viseu.
Ou seja, os "ritmos modernos da nova vaga" tinham atingido definitivamente o país todo e apesar dos estudos, trabalhos e situação militar todos tinham uma banda. Em quartos, salas ou garagens, com instrumentos cada vez melhores que agora podiam pagar graças a um circuito de locais para concertos que se tinha estabelecido por todo o país, tudo servia de pretexto para dar azo à criação musical.
Na zona de Lisboa, tocavam em boites como Maxime, Mónaco, Bico Dourado, Caruncho, Ronda, a Falena, no Estoril, ou a Concha, em Sintra, e, no resto do país, na Pato Bravo, em Portimão, na LB, na Póvoa do Varzim, no Garcia de Resende, em Évora, ou no Pax Júlia, em Beja. Isto além de teatros, cine-teatros, hotéis, casinos, clubes de praia ou festas de beneficência, na televisão e cada vez mais também fora de Portugal, em Badajoz, Madrid e Paris.