A década de 60 foi pobre em
termos de publicações periódicas que soubessem lidar com a nova música que se fazia. A música pop, rock e afins aparecia, de facto, em revistas mas nas ditas de variedades , caso da Plateia
e da Rádio & Televisão. Estas, regularmente, dedicavam uma pequena parte das suas páginas aos novos conjuntos, com
entrevistas ou notícias. Também as revistas de actualidades como a Flama ocasionalmente lhes dedicava algum espaço. Mas seria apenas no final dessa década que surgiriam três revistas
para colmatar estas falhas: Pop Cine,
Cine Disco e Mundo da Canção.
A Pop Cine é da responsabilidade da mesma equipa da Plateia e segue o mesmo modelo: notícias breves, entrevistas acompanhadas por fotografias num arranjo gráfico sóbrio, limpo, sem qualquer ligação com a
realidade que pretendia captar. Com um tamanho de bolso, esta tinha sempre uma capa e contracapa a cores e, por norma, era mal impressa. Inocente em termos de conteúdos, totalmente acrítica, esta pouco vinha acrescentar
ao que se vinha a fazer durante a década.
A revista dura pouco mais de um ano e
após um interregno de três semanas ressurge com um novo nome, Pop Disco…
Nem uma nem outra traziam nada de novo. Já a CineDisco conseguia abrir uma ruptura tanto a nível gráfico como de conteúdos. Editada a partir de Dezembro de 1968, pela primeira vez Portugal passava a haver uma revista dedicada exclusivamente ao sector etário juvenil onde se podia ler artigos mais ou menos informados sobre música e moda, culturas e subculturas.
Graficamente a revista estava ao nível do conteúdo, quebrando as linhas rígidas pela qual se regiam as anteriores publicações, trabalhavam com uma liberdade única na altura. Nas suas páginas abriam-se diálogos entre os elementos gráficos e o texto, em trabalhos de imagem onde a fotografia e o lettering, sob uma inspiração pop psicadélica, ganhavam uma fluidez e dinamismo nunca visto.
Por diversos motivos
em Agosto de 1969 a
revista muda de nome para Mundo
Moderno. Tal como na anterior, também esta tenta acompanhar o que se ia passando lá
fora e em Portugal na música e na moda e não só. Bodypainting, ocupação de casas, andar à
boleia foram algumas das novidades introduzidas em Portugal através das páginas da
revista, mesmo se com alguma inocência e até desconhecimento de causa. Em
termos musicais foram dados a conhecer novos estilos de música, como a soul e o reggae. Além disso, e coisa rara, a revista afirmava-se como crítica,
estabelecia critérios de qualidade e, exigente, impunha às bandas uma responsabilidade social
e cultural aliada à criatividade.
No entanto, devido a uma impossibilidade de manter a periodicidade e qualidade gráfica, e talvez por outros motivos, a Mundo Moderno acaba em Janeiro de 1971.
No entanto, devido a uma impossibilidade de manter a periodicidade e qualidade gráfica, e talvez por outros motivos, a Mundo Moderno acaba em Janeiro de 1971.
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