“Operação Dinamite” é um filme realizado por Pedro Martins com
Nicolau Breyner, Armando Cortez, Glória de Matos, Simone de Oliveira, Helena
del Rubio, Eduardo Cortez, Francisco Nicholson, Henriqueta Maya, Carlos José
Teixeira. Rodado entre Junho e Agosto de 1966, em Lisboa, Cascais, Arrábida e
Luanda. o filme estreia a 19 de Abril de 1967 no Cinema Odeon em Lisboa.
José de Matos-Cruz, no seu livro “O Cais do Olhar” (1999) descreve
o enredo:
«A temerária missão dum agente
secreto americano, Max, que desafia todos os perigos no decorrer duma luta sem
tréguas, para se apoderar dum "dossier" secreto, roubado dos arquivos
do Pentágono, e que se suspeita ter caído nas mãos dum bando de espiões que
actuam em Lisboa, e pretendem levá-lo para o Oriente...»
Com argumento de Francisco Nicholson, “Operação Dinamite” é
uma comédia sem piada que parodia os filmes de acção e espionagem então em voga
- 007 e todos os seus sucedâneos - sem ter, contudo, qualquer força, entusiasmo
ou mesmo emoção. Saldanha da Gama, no Diário da Manhã, só poderia estar a gozar quando descreve «o
desempenho de Nicolau Breyner refreado na sua exuberância e que na pele de um
agente secreto se mostra tão à vontade nas passagens amorosas como nas cenas de
rija pancadaria…»
A banda-sonora é da responsabilidade de Eugénio Pepe
e do conjunto Rueda+4. Estas viriam a ser editadas sob
o formato de EP na Riso e Ritmo Discos,
de Francisco Nicholson. Além disso ouve-se ainda Simone de Oliveira e o Duo Ouro Negro.
É precisamente na música que reside um dos pontos de
interesse deste filme. Não nas dos Rueda+4,
que não são particularmente interessantes, mas na sequência em que se vê e ouve
o Duo Ouro Negro a tocar no
“Sanzala”. Graças a este filme, ficámos com um registo cinematográfico tanto do
Duo a tocar ao vivo como desse “Restaurant Typique Dancing” do Campo Grande,
como descrevia publicidade da época, de “ambience totalmente Africaine”.
Apesar de Lisboa e arredores terem sido, efectivamente,
palcos de manobras de espionagem de contornos internacionais especialmente
durante a II Guerra Mundial, tal facto raramente foi explorado pelo cinema
português. Ao “estilo internacional” que este género de filmes exige sobrepôs,
quase sempre, o “estilo nacional” do humor à Parque Mayer e do romantismo
barato e moral. Fizeram melhor trabalho escritores e realizadores estrangeiros assim
como António de Macedo no seu “Sete Balas para Selma”.
Para terminar, acrescente-se que o lucro do filme, segundo a
publicidade da época, destinou-se ao “Fundo de auxílio às famílias dos
marinheiros mortos em campanha no Ultramar”.