O número elevado de bandas fez também com que se começassem a gerar reacções. Eram os anos de Paula Ribas e de Natércia Barreto e dos seus “Óculos de Sol” e o Dr. José Afonso acusava por isso o yé-yé de ser uma "moda sem valores intelectuais"[1]. Começava-se a registar uma grande ausência de novidade, em que uma banda copiava a outra, no som, na atitude, na maneira de vestir e de pentear. E todos copiavam os Beatles...
Foi nesta altura que Victor Gomes declarou o fim da música como até então se conhecia. O fim do twist, do ié-ié, do shake, do hully gully e a sobrevivência e baladas, como "Yesterday", "Michelle" e "Girl", dos Beatles, provavam isso. "Os jovens preferem ritmos mais lentos e moderados", alem de que "os empresários só contratam artistas já feitos e esgotam tudo a explorá-los", enquanto "a televisão é só para ver os mesmos artistas portugueses de sempre, ou estrangeiros, com nome ou sem nome, não interessa"[2]. O futuro, dizia ele, seria o jazz, o regresso à essência, à forma primitiva. Apocalíptico e visionário, Victor Gomes estava certo...
O ano dos concursos e festivais foi também o ano da proibição da transmissão de músicas dos Beatles e da denúncia de Francisco José num programa em directo de que a RTP pagava menos aos artistas nacionais do que aos internacionais. Foi também o ano do famoso whisky escocês feito em Sacavém, do peixe congelado de Henrique Tenreiro...
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