Por esta altura, finalmente, já não se ouvia apenas os Beatles e os Shadows. Graças a antenas artesanais que captavam as rádios piratas, como a Radio Caroline, Radio England ou Radio London, que eram emitidas a partir de barcos ou plataformas abandonadas[1], podia-se ouvir as novidades que iam desde o folk ao soul passando pelo psicadelismo. Foi neste ano que surgiram Os Dolmens, da Madeira, os Xelbe 65, do Algarve, The Sheers, de Bragança, Os Lunicks, do Minho, Os Jactos, do Porto, Os Infernais, de Faro.
Mas também três das mais marcantes bandas portuguesas: os Chinchilas, que contavam na sua formação com Filipe Mendes, o Conjunto Universitário Hi-Fi, de Coimbra, que habilmente se movia dentro da estética psicadélica da costa oeste americana, e os Pop Five Music Incorporated, do Porto.
Em Lisboa, os Jets, três anos após a sua formação gravaram um EP para a editora Tecla. Com uma capa única em Portugal, de grafismo pop psicadélico, a música acompanhava-a. O seu equipamento, também único para a altura, consistia numa aparelhagem Vox, órgão de dois teclados e uma Gibson vermelha, entre muito outro material avaliado em milhares de contos. Tocavam a "15 mil escudos por actuação, ao câmbio da época, fora a dormida, alimentação e casa, durante as loucas - porque sexuais - digressões estivais (...) , meridionais coloridas e extravagantes com inglesas em desaforos sensoriais. (...) Liz e Frankie, as duas mentoras sexuais dos Jets, em 1965 (Lota, Lagos), 1966 (Ferragudo, «A Chaminé») e 1967 (Albufeira, «MCM») e introdutoras de afrodisíacos «spanish fly» (cantáridas) na vivência criativa musical e erótica", como descreveu o seu baterista João Alves da Costa. No ano seguinte, devido à incorporação militar o grupo desfez-se...